Uma meditação em João 9:1-41
Digamos que você é cego de nascença. Seus pais, ou outras pessoas,
tomaram conta de você até os doze anos, mais ou menos, e então você vira um
pedinte. Agora você tem por volta de 35 a 40 anos, e a mendicância é a única
vida que você conhece. Você conhece um pouco sobre religião, especialmente
porque às vezes algumas pessoas se reúnem ao seu redor e discutem a sua
situação de problema teológico: “Quem pecou, esse homem ou seus pais, para
que ele nascesse cego?”. Isso é um aspecto do que os teólogos chamam de “O
Problema do Mal”. Então os teólogos ficam por perto, discutindo sobre você da
mesma forma que as pessoas discutem sobre economia ou sobre o clima.
Certa vez, algo diferente acontece. É Sábado, e dessa vez, um dos homens da discussão não dá as respostas de sempre. “Nem ele nem seus pais pecaram”, ele diz, “mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele”. Então Deus é o culpado? Foi Deus quem fez isso comigo, você pergunta?
Mas o homem não apenas conversa. Ele cospe no chão, faz lama com sua própria saliva, e a coloca sobre seus olhos. Para que ele está fazendo isso? É algum tipo de brincadeira cruel, para fazer os teólogos rirem do homem que Deus cegou? Então o homem fala “Vá lavar-se no tanque de Siloé”. Bem, provavelmente isso não vai te machucar. E de qualquer forma, você precisa lavar essa lama do seu rosto. Então você vai e se lava. E algo incrível acontece: agora você enxerga!
Você se levanta e caminha, e você sabe exatamente para onde está indo! Você possui um olhar de confiança agora, e de alegria, tanto que as pessoas não sabem ao certo se era você mesmo a pessoa que mendigou por todos aqueles anos. E de repente, os teólogos querem conversar com você: não apenas sobre você, mas com você.
“Então, como foram abertos os seus olhos?”
“Bem”, você diz, “um homem misturou terra com saliva, colocou-a nos meus olhos e me disse que fosse lavar-me. Fui, lavei-me, e agora vejo”
“Onde está esse homem?”
“Eu não sei”. Você responde, sendo o mais honesto possível.
Mas eles perguntam novamente, “o que você diz desse homem?”. Hmm… Qual é
a resposta certa? Um profeta? Os Judeus afirmam que ele não pode ser um
profeta. Ele é um pecador. Ele não respeita o Sábado. Você diz “se ele é um
pecador ou não, eu não sei. Mas uma coisa eu sei. Eu era cego, mas agora posso
ver”.
Você mal conhece Jesus, mas de repente,
você é um apologista. Apologética é dar a razão da nossa fé. Pedro diz “santifiquem
Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a
qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo,
façam isso com mansidão e respeito” (1 Pedro 3.15-16). Você nunca sabe
quando alguém vai te perguntar por que você crê, por que você vai à igreja, o
que há de bom em Jesus Cristo.
Nós ensinamos apologética no seminário, e enquanto ciência, ela pode ser
um pouco complicada. Nós refletimos sobre muitos argumentos a favor e contra o
Deus da Bíblia, e sobre muitas formas de defender nossa fé. Muitos acadêmicos
se sentem tão confiantes a respeito de seu método apologético que entram em
tantas batalhas com outros apologistas quanto com não-cristãos.
Mas o ponto importante da apologética é
simples, e todo cristão é chamado para ela. Toda vez que alguém te pedir para
dar a razão da sua fé, você deve estar pronto para dá-la. Isso não é difícil. O
homem nascido cego não sabia de muita coisa, mas ele sabia que somente Deus
poderia fazer os cegos enxergarem. Ele inclusive entendia melhor o Problema do
Mal do que os Fariseus: Deus o fez cego para glorificar-Se em Jesus. O cego de
nascença não convenceu os Fariseus, mas esse convencimento cabe ao Senhor.
Nossa função é de falar honestamente para as pessoas o que Deus fez em nossas
vidas e porque nós cremos nele. Ao fazê-lo, nós desafiamos as afirmações que as
pessoas usam para afastar Deus de suas vidas e de seus pensamentos. E, se Deus
permitir e quiser, nosso testemunho os levará a Jesus.
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