Muitos debates
teológicos focalizam-se na doutrina da eleição. Tais debates não são se a eleição é bíblica, antes, eles
debatem acerca do significado da eleição. Eu acredito no que é chamado de eleição
incondicional individual (o entendimento calvinista). Aqueles que se
opõem ao meu entendimento normalmente acreditam em algum tipo de eleição
condicional ou eleição corporativa (ou uma combinação dos dois; o entendimento
arminiano). A eleição corporativa é a crença de que Deus elege nações para
tomar parte em seu plano, não indivíduos para a salvação.
Então, quando Romanos 9 fala
da eleição de Deus de Jacó sobre Esaú, Paulo está falando da escolha de Deus da
nação de Israel para ter um lugar especial na história da salvação. Eles continuarão
a interpretar tudo de Romanos 9-11 à
luz dessa suposição.
Porém, eu não
acredito que Romanos 9-11 esteja falando sobre eleição corporativa, mas eleição
individual. Aqui vão sete razões por que:
1. Toda a seção
(9-11) é sobre a segurança de indivíduos. Eleição de nações não faria nenhum sentido
contextual. Paulo havia falado para os cristãos romanos que nada poderia
separá-los do amor de Deus (Rm 8.31-39). A objeção que dá origem aos capítulos 9-11 é: “Como
nós sabemos que essas promessas de Deus são seguras considerando o atual
(incrédulo) estado de Israel. Eles tinham promessas também e eles não pareciam
tão seguros.” Referindo-se a eleição corporativa não se encaixaria no contexto.
Mas se Paulo estivesse a responder dizendo que é apenas os individuos eleitos
dentro de Israel que estão seguros (o verdadeiro Israel), então isto faria
sentido. Nós estamos seguros porque todos os indivíduos eleitos têm sempre
estado seguros.
2. Na eleição de Jacó
sobre Esaú (Rm 9.10-13), embora tendo implicações nacionais, começa com
indivíduos. Não podemos perder esse fato.
3. Jacó foi eleito e
Esaú rejeitado antes dos gêmeos terem feito qualquer bem ou mau. Não há menção
de nações tendo feito qualquer bem ou mal. Se alguém disser que é de nações que
Paulo está falando, isto pareceria que eles estão lendo sua teologia no texto.
4. Romanos 9.15 enfatiza a soberania
de Deus em escolher indivíduos. “Eu terei misericórdia de quem eu tiver
misericórdia.” O pronome quem é um singular masculino. Se nós
estivéssemos falando de nações, um pronome plural teria sido usado.
5. Romanos 9.16 está lidando
com indivíduos, e não nações. “Então, não depende daquele quer ou do que se
esforça, mas da misericórdia de Deus” (minha tradução). Theolontos (querer)
e trechontos (esforçar) são singulares masculinos que é
traduzido por “aquele” em vez de “aqueles”. É difícil ver implicações nacionais em
tudo aqui. É sobre o desejo e esforço de indivíduos. A aquisição da
misericórdia de Deus transcende a habilidade do homem.
6. Mais uma vez, Romanos 9.18, falando no contexto do
endurecimento de Faraó, Paulo sumariza o que ele está tentando dizer usando
pronomes singulares masculinos: “Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a
quem quer endurece.” Se Paulo estivesse meramente falando de eleição
corporativa ou nacional, a súmula mudaria de Faraó para nações (plural), mas o
resumo aqui enfatiza a soberania da vontade (theleo) de Deus sobre
indivíduos (singular).
7. A objeção em Romanos 9.14 faz pouco
sentido se Paulo estivesse falando sobre eleição nacional ou corporativa. A
acusação de injustiça (adikia), da qual muito do livro de Romanos está
procurando de Deus vindicar, não está apenas fora de propósito, mas poderia
facilmente ser respondida se Paulo estivesse dizendo que a eleição de Deus é
apenas com respeito à nações e não tem intenção salvadora.
8. A objeção em Romanos 9.18 é ainda mais
inapropriada se Paulo não está falando sobre eleição de indivíduos. “Por que se
queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua vontade?” O verbo anthesteken,
“opor-se ou resistir,” está na terceira pessoa do singular. O problema que o
opositor tem é que parece injusto para individuos, não corporações de pessoas.
9. A retórica de uma diatribe ou
apóstrofe sendo usada por Paulo é muito forte. Uma apóstrofe é um legado
literário que é usado onde um opositor imaginário é trazido para desafiar a
tese em nome de uma audiência. É introduzido com “que diremos...” (Rm 9.14) e
“Você me dirá...” (Rm 9.19). É uma ferramenta de ensino eficaz. Porém, se o
opositor imaginário não está entendendo Paulo, a apóstrofe falha em realizar
seu propósito retórico a menos que Paulo corrija o
mal-entendido. Paulo não corrige o desentendimento, apenas a conclusão. Se a eleição
corporativa fosse o que Paulo estava falando, as exigências retóricas que Paulo
orienta seus leitores na direção certa por meio da diatribe. Paulo adere às
suas armas embora o ensino da eleição de indivíduos mais certamente dá origem a
tais objeções.
10. Romanos 9.24 fala sobre Deus
chamar os eleitos dentre os judeus e gentios. Portanto, é difícil ver eleição
nacional desde que Deus chama pessoas “dentre” todas as nações, ek
Ioudaion (dentre os Judeus) ek ethnon (dentre os Gentios).
11. No retorno específico
de Paulo ao tema da eleição na primeira parte de Romanos 11, ele ilustra aqueles que foram chamados (eleitos)
dentre a nação judaica se referindo a Elias que acreditava que era o único a
seguir o Senhor. A resposta de Deus ao lamento de Elias é referenciada por
Paulo em Romanos 11.4 onde
Deus diz: “Reservei para mim sete mil homens que não dobraram o joelho a Baal.”
Isto nos diz duas coisas: 1) Estes são sete mil indivíduos que
Deus reservou, não uma nova nação; 2) Estes indivíduos são reservados por Deus na
crença como característica de não terem dobrado os joelhos a Baal (ou seja,
eles permaneceram leais a Deus)
12. Usando a
ilustração de Elias em Romanos
11.5, Paulo discute que “da mesma forma,” Deus preservou um remanescente
de crentes de Israel do qual ele (como um indivíduo) faz parte (Rm 11.1). Esta
“preservação” na crença de indivíduos está de acordo com “a escolha graciosa de
Deus” (11.5).
Artigo extraído de: http://www.reclaimingthemind.org/blog/2010/10/eleven-reasons-why-romans-9-is-about-individual-election-not-cooperate-election/
Tradução: Francisco
Alison Silva Aquino
0 comentários: